O Brasil tem 8,9 milhões de Pessoas (de 18 a 64 anos) que são portadoras de alguma deficiência, mas nem todas conseguem chegar ao mercado de trabalho. Rafael Lacerda Ieka, 30 anos, deficiente auditivo, conseguiu. Ele trabalha na LBCA há mais de 2 anos. Começou na área Fiscal e hoje está na Controladoria. Ele considera pouco representativo o percentual de contratações de PcDs no mercado de trabalho brasileiro, previsto pela Lei 8.213/91. São 2% para empresas com mais de 100 funcionários. “Os empregadores deveriam confiar mais nos PcDs”, comenta.
Atleta do Rio Pardo FC, Rafael driblou todas as adversidades para entrar e continuar no mercado de trabalho. Ele teve perda auditiva severa, ocorrida depois da retirada de um dente do siso. Não pode usar aparelho auditivo convencional e teve de fazer cirurgia para receber um implante. Esperou 6 meses (em silêncio absoluto). A leitura labial foi a saída para continuar se comunicando com as pessoas.
O processo pré-implante foi longo. Era necessário aguardar a cicatrização para ativar o aparelho, que tem um imã externo com um processador de som auricular, integrado por antena. O aparelho capta o som ambiente e transfere para o tímpano, com grande alcance. “Estou conversando na sala, mas ouço o que ocorre lá fora. No começo, dava muita dor de cabeça, depois fui me adaptando”, diz Rafael.
Ao começar a trabalhar na LBCA, depois de ficar dois anos parado à espera do processo pré e pós-operatório do implante, Rafael diz que não sofreu preconceito por ter deficiência auditiva, mas que as pessoas ficam, ao mesmo tempo, assustadas e curiosas, com seu implante, que é visível na parte esquerda da cabeça. A antena emite sinais elétricos para o nervo auditivo e tem um design futurista de science fiction. “Não tenho vergonha de explicar. Até na rua, as pessoas me param, perguntam, querem saber detalhes e eu explico”, diz.
Atualmente, Rafael se sente integrado e parte da equipe da LBCA. O fato de ter atendido o público quando estava na área Fiscal possibilitou que conhecesse muita gente de diferentes áreas. Embora nunca tivesse atuado em escritório de advocacia, diz que está gostando muito de trabalhar na LBCA e está “tirando de letra”. “Sempre busquei demonstrar meu trabalho, entender o que posso fazer para melhorar. Se precisar, vou atrás, pergunto para um colega, tiro dúvidas”, afirma.
Rafael é casado e tem duas filhas. Fez Faculdade de Educação Física, mas não concluiu o curso, ficou faltando o último ano. Pretende continuar estudando e busca uma faculdade mais próxima da LBCA, de administração ou contabilidade para aprofundar seus conhecimentos na área em que trabalha. Se não for possível, concluir o curso de Educação Física é outra opção, já que ele é apaixonado por futebol, treina e joga todo sábado. Nesse ínterim, gostaria de fazer cursos de aprimoramento para não ficar parado.