Grandes investidores trouxeram para a pauta das empresas brasileiras o tema dos indicadores de desempenho ambientais, sociais e de governança (ESG).
Como surgiu a sigla – ESG (environmental, social and governance )?
Ela começa com uma carta que o então secretário-geral da ONU, Kofi Annan, escreve para os 50 CEOs das maiores instituições do mundo, convidando-os para participar do Pacto Global da ONU, com apoio do IFC – International Finance Corporation, que propunha incorporar a ESG ao mercado de capitais. A iniciativa resultou no relatório “ Who Cares Win”, de 2005, que afirma que os fatores ambientais , sociais e de governança têm relevância financeira porque permitem conhecer a estratégia e qualidade de gestão das empresas a longo prazo.
Qual o espectro da ESG?
Calcula-se que ¼ das participações de fundos globais se preocupa com o índice ESG, que cresceu de 5 trilhões de dólares em 2007 para 42 trilhões de dólares em 2012, e hoje já teria ultrapassado os 80 trilhões de dólares. Os investidores se preocupam cada vez mais com empresas que tenham referências ambientais, sociais e de governança corporativa. No início, havia um total de 63 empresas que incorporavam os indicadores ESG, crescendo para 1.715 companhias em 2018.
Já foram feitas pesquisas sobre a força dos indicadores ESG?
Sim, o Bank of America Merrill Lynch fez uma pesquisa que aponta que investimentos que incorporam ESG são mais propensos a produzir retorno maior em três anos, se tornam ações de alta qualidade e são menos propensos à falência, acabando com o mito que investimento sustentável sacrifica o retorno financeiro.
Como os fatores do ESG vêm sendo tratados no Brasil?
Até o dia 8 de março a Comissão de Valores Imobiliários (CVM) coloca em audiência pública para comentários a minuta de nova instrução para preenchimento do formulário de referência anual que as empresas listadas na bolsa brasileira devem entregar. A proposta é que aprofundem suas informações sobre os indicadores ESG, além de reportar como irão mitigar os riscos aos quais se expuseram para conhecimento e avaliação dos investidores.
Até que ponto o mercado de títulos incorporou os riscos ESG?
Acredito que o processo de realmente integrar a análise ESG nos mercados de renda fixa ainda é incipiente. No entanto, esperamos que isso aumente e melhore rapidamente nos próximos anos, em resposta à demanda dos investidores e ao reconhecimento de benefícios ao processo de investimento, incluindo a mitigação de riscos.
Qual risco ESG preocupa mais os investidores em títulos?
A governança é um dos fatores ESG que mais preocupa. Você não deseja investir em um emissor cujos dados financeiros não são confiáveis.