As corporações e ativos que não adotarem estratégias de ESG (Environmental, Sustainabililty and Governance) podem ser excluídas das transformações em curso do mercado, onde a questão ambiental vem adquirindo peso e importância.
1. Quais são os fatores que vêm contribuindo para criar a ESG Storm (tempestade)?
Há uma preocupação hoje de grande espectro – que abarca do Fórum Econômico de Davos até os microinfluenciadores digitais da geração Millennials (1979-1993) e da Z (Zennials:1995-2010) – sobre riscos ambientais e sociais e de governança. Com um forte ativismo nas redes sociais, essas duas gerações defendem mudanças. A geração Z, por exemplo, inclui a ativista ambiental Greta Thunberg, eleita Personalidade do Ano pela revista Time. As duas gerações estão muito preocupadas e conectadas com a questão ambiental, social ,da igualdade e da diversidade. Compram ou rejeitam determinados produtos e serviços em decorrência de causas comuns. Eles buscam tendências e inovações e defendem marcas mais identificadas com a transparência.
2. Vem aumentando a busca por investimentos responsáveis?
Exato, busca-se promover investimentos sustentáveis mensurados pelos parâmetros ESG para avaliar empresas, que já somam US $86 trilhões de ativos no mundo em torno desse espectro. No Brasil, as métricas sociais e ambientais também entraram no radar dos investidores, que dobraram no último ano. Em 2002, havia apenas 85 mil investidores pessoas físicas no país, em 2010 subiu para 610 mil , em 2019 foi para R $1,68 milhão e no ano passado atingiu 2,48 milhões, com montante de investimentos acima de R$ 300 bilhões. Incorporar fatores do ESG na avaliação dos investimentos é uma tendência sem volta e ganha volume de uma tempestade.
3. Podemos dizer que caminhamos para uma disrupção no mercado financeiro e de investimentos?
Sim, as empresas podem e devem gerar lucros para si e seus acionistas, mas também para a sociedade. Não basta ter na sua missão e valores uma série de compromissos formais expressos. O mercado espera que as metas adotadas sejam cumpridas nas esferas ambientais , sociais e de governança, gerando impactos sociais.
4. A cúpula do clima (22 de abril) integra essa discussão?
Sem dúvida, ao convocar a Cúpula Global do Clima no Dia da Terra, que foi o primeiro e grande evento do ativismo ambiental no mundo na década de 1970, o presidente americano Joe Biden manda um recado claro, que deve impactar nas corporações e nas gerações Millenium e Z e fortalecer as estratégias ESG. Há uma clara mudança na posição americana frente à luta contra as mudanças climáticas, que deseja voltar à liderança climática no mundo e definir novas metas de carbono neutro. O Brasil, por sua vez, terá de vencer o impasse em torno do desmatamento das florestas na agenda para resolver. Atualmente, pesquisas têm apontado que investidores planejam parar de comprar produtos não ESG , sendo que as questões socioambientais estão ganhando peso e até travando acordos, como vem acontecendo entre a UE e o Mercosul.
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