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Legal Design: Transformando contratos complexos em ferramentas de valor e eficiência

Legal Design: Transformando contratos complexos em ferramentas de valor e eficiência

Em um cenário cada vez mais competitivo e globalizado, as empresas enfrentam o desafio de lidar com contratos longos, técnicos e, muitas vezes, confusos. Esses documentos podem atrasar negociações, gerar conflitos e aumentar os custos administrativos. O Legal Design, uma abordagem inovadora que combina direito e design, vem revolucionando a forma como as empresas redigem e gerenciam seus contratos. No entanto, quando associado à tecnologia, o Legal Design se torna uma ferramenta ainda mais poderosa, permitindo a criação de contratos interativos, com automatizações que facilitam a navegação e o entendimento. Ao simplificar a linguagem, otimizar a organização visual e melhorar a experiência de leitura, o Legal Design tem o potencial de transformar contratos complexos em instrumentos valiosos para a empresa, gerando ganhos financeiros e operacionais.

O Legal Design é frequentemente definido como uma metodologia que aplica princípios de design para tornar os documentos jurídicos mais claros, acessíveis e eficientes. Tradicionalmente, ele foca em aspectos linguísticos e visuais, como o uso de Plain Language (linguagem simples), UX Writing (reorganização dos textos para melhorar a experiência de leitura) e Visual Law (utilização de ícones, linhas do tempo, gráficos, tabelas, fluxogramas), sempre tendo em vista a UX (experiência do usuário).

No entanto, há uma linha que acredita que a tecnologia é um complemento essencial para maximizar o impacto do Legal Design. Ao incorporar automações e interatividade, como botões que geram documentos automaticamente, formulários interativos, ou sistemas de navegação por links, os contratos podem ser não apenas mais claros, mas também mais funcionais e fáceis de operar.

Legal design e contratos em empresas de tecnologia

Empresas de tecnologia têm se destacado na adoção de Legal Design como parte de suas estratégias para otimizar contratos. Startups e gigantes de tecnologia lidam com contratos altamente técnicos e, muitas vezes, precisam de agilidade para fechar negócios, assinar contratos de parceria, ou mesmo acordos de confidencialidade (NDAs). Nesses casos, a aplicação do Legal Design tem sido fundamental.

Contratos dessas empresas são frequentemente simplificados por meio de tabelas, diagramas e links interativos, que permitem a navegação rápida entre diferentes cláusulas. Além disso, muitas vezes, essas empresas utilizam contratos digitais que são complementados por tecnologias de automação, eliminando processos manuais e acelerando o tempo de negociação. Ao empregar o Legal Design, as empresas de tecnologia conseguem alinhar seus valores de inovação com suas práticas jurídicas, tornando os contratos não apenas documentos legais, mas também ferramentas eficientes de negócios.

Como a tecnologia potencializa o Legal Design?

A tecnologia potencializa o Legal Design ao permitir a criação de documentos dinâmicos e interativos. Por exemplo:

Botões de automação: Podem ser inseridos em contratos digitais para gerar notificações automáticas, calcular prazos ou atualizar campos automaticamente.
Navegação facilitada: Links e hiperlinks podem guiar o leitor diretamente para as seções mais relevantes do contrato, eliminando a necessidade de buscas manuais em longos documentos.
Formulários preenchíveis: Permitem que o cliente preencha campos essenciais diretamente no contrato, sem precisar de edições complicadas.
Integrações com sistemas: Contratos digitais podem ser integrados com sistemas de gestão e de assinatura eletrônica, agilizando o processo de aprovação.
A combinação de design e tecnologia transforma contratos em ferramentas que não apenas comunicam as obrigações legais, mas também facilitam o acompanhamento e cumprimento delas.

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Legal Design, smart contracts e blockchain

Uma área emergente em que o Legal Design se conecta à tecnologia de ponta é a aplicação de smart contracts (contratos inteligentes) que utilizam blockchain. Smart contracts são programas de computador que executam automaticamente os termos e condições de um contrato sem a necessidade de intermediários. A tecnologia blockchain garante que todas as transações e operações registradas sejam transparentes, seguras e imutáveis, o que aumenta a confiabilidade dos contratos.

Embora os smart contracts possam automatizar processos, eles ainda precisam de uma interface clara e compreensível para que todas as partes entendam as regras inseridas no código. É aqui que o Legal Design entra, criando uma ponte entre o código técnico dos smart contracts e os contratos tradicionais. O design claro e visual garante que os termos e condições inseridos no código sejam compreendidos de forma inequívoca.

Integração entre smart contracts e contratos tradicionais

Uma tendência crescente é a integração entre smart contracts e contratos tradicionais, especialmente em setores que lidam com grandes volumes de transações ou etapas complexas de execução. Essa integração pode ocorrer de várias maneiras:

1. Cláusulas tradicionais com execução automática:

Contratos tradicionais podem incluir cláusulas que, ao serem desencadeadas, ativam um smart contract para executar automaticamente certas ações, como pagamentos, liberação de garantias ou transferências de ativos. Por exemplo, uma empresa de tecnologia pode ter um contrato de licenciamento de software tradicional que automatiza o pagamento de royalties por meio de um smart contract, de acordo com o volume de uso do software registrado na blockchain.

2. Híbrido de smart contracts e contratos tradicionais:

Empresas podem optar por contratos híbridos, em que partes do contrato são automatizadas via smart contract, enquanto outras seguem o formato tradicional. Um exemplo comum em empresas de tecnologia seria a automatização de cláusulas de licenciamento de software ou renovação de serviços de nuvem, onde o smart contract poderia ajustar automaticamente os termos conforme as condições de uso e pagamento.

3. Garantia de conformidade e transparência:

O uso de blockchain em smart contracts permite garantir que os termos contratuais sejam seguidos com precisão, sem a possibilidade de adulteração ou manipulação. Quando combinado com contratos tradicionais, isso aumenta a confiança entre as partes, pois as cláusulas mais críticas podem ser verificadas e auditadas em tempo real via blockchain.

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O Legal Design facilita essa integração, proporcionando clareza visual e textual, tanto nas partes codificadas quanto nas cláusulas tradicionais. Isso garante que todos os envolvidos entendam como o contrato opera, desde a parte automatizada até as obrigações humanas.

Benefícios do Legal Design para empresas

1. Redução do tempo de negociação

Contratos claros e visualmente organizados permitem que as partes compreendam rapidamente suas obrigações e direitos, eliminando ambiguidades e dúvidas que poderiam prolongar as negociações. Quando combinado com automações, como prazos que se atualizam automaticamente ou formulários interativos, o tempo gasto na revisão e discussão dos termos é reduzido significativamente, permitindo que as empresas fechem negócios de maneira mais ágil.

2. Experiência do cliente e transparência

Um contrato bem estruturado, com o uso de tabelas, checklists visuais e fluxogramas, não só facilita a vida dos advogados, mas também oferece uma melhor experiência para o cliente final. Quando aliamos isso à tecnologia, como links interativos ou seções destacadas, o cliente consegue navegar de forma intuitiva pelo contrato. Ao ter uma visão clara dos prazos, responsabilidades e condições, o cliente se sente mais seguro e confiante na relação contratual.

3. Clareza e redução de litígios

Ao evitar o uso de jargões jurídicos e substituir parágrafos longos por explicações simples e diretas, o Legal Design diminui o risco de interpretação errônea dos termos contratuais. Com o apoio da tecnologia, é possível integrar bots interativos diretamente no contrato, que atuam como assistentes virtuais para esclarecer dúvidas em tempo real. Esses bots podem guiar o usuário através de cláusulas específicas, fornecer exemplos práticos e até sugerir interpretações legais, personalizando a experiência conforme as necessidades de cada parte. Essa abordagem não só melhora a relação entre as partes, oferecendo maior clareza e acessibilidade, como também reduz significativamente a incidência de litígios, já que as partes têm suas dúvidas resolvidas de forma instantânea e precisa.

4. Redução de custos operacionais

A celeridade nas negociações e a clareza dos contratos também se traduzem em economia. Empresas que adotam o Legal Design com o apoio de tecnologias notam uma redução significativa nos custos administrativos, como tempo de revisão, correções e renegociações. O uso de documentos interativos, que permitem o preenchimento e verificação automática de informações, elimina o retrabalho, liberando tempo para focar em atividades estratégicas que geram valor ao negócio.

Legal Design como diferencial competitivo

Implementar o Legal Design nos contratos empresariais não é apenas uma questão de inovação, mas de necessidade estratégica. Embora o Legal Design, em sua essência, já promova clareza e eficiência, a incorporação de tecnologias o eleva a um novo patamar, permitindo que contratos se tornem documentos interativos, fáceis de navegar e automatizados. Em um ambiente de negócios cada vez mais dinâmico e competitivo, contratos eficientes e bem estruturados, que combinam design e tecnologia, são ferramentas fundamentais para gerar valor, aumentar a transparência e promover a confiança entre as partes.

Empresas que adotam o Legal Design, aliado à tecnologia, estarão na vanguarda da inovação, transformando contratos confusos em instrumentos que agregam valor e promovem eficiência em todas as etapas do processo de negociação.


Fabíola Parisi Rosa – É analista de contratos da Lee, Brock, Camargo Advogados, gestora pública graduada pela USP, pós-graduada em direito digital e compliance pelo Ibmec, presidente da Comissão de Legal Design da OAB-Penha de França, certificada em Legal Design e Visual Law pela metodologia LDFD.

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